Missão da NASA para estudar os oceanos descola com sucesso de Cabo Canaveral
Missão da NASA para estudar os oceanos descola com sucesso de Cabo Canaveral
Miami, Estados Unidos, 08 Fev (Inforpress) - A missão PACE da NASA e da empresa SpaceX, que nos próximos anos vai aprofundar o estudo da atmosfera e dos oceanos, descolou hoje com sucesso do Centro Espacial Kennedy, em Cabo Canaveral, no estado norte-americano da Florida.
Às 06:33 (hora em Lisboa), o foguetão Falcon 9 descolou da base espacial e completou com sucesso todas as fases programadas, inclusive as mais críticas, nomeadamente o desprendimento do satélite PACE do foguetão e, posteriormente, a abertura dos painéis solares.
Às 07:08, quando todas as fases programadas já tinham sido concluídas, toda a equipa da NASA responsável pela missão no Cabo Canaveral, na Florida, comemorou o sucesso do lançamento, que teve que ser adiado por duas vezes esta semana devido às más condições do tempo.
A oceanógrafa da NASA Violeta Sanjuan explicou à agência de notícia EFE que se trata de um satélite revolucionário porque irá fornecer detalhes do oceano, especialmente das microalgas [fitoplâncton], que nunca tinham sido alcançados antes.
O fitoplâncton, explicou a oceanógrafa, representa apenas 1% da massa vegetal total do planeta [incluindo terrestre], mas mesmo assim “gera aqueles 50% a 60% do oxigénio” que estão disponíveis no planeta.
A missão PACE, sigla em inglês para Plankton, Aerosols, Clouds and Ocean Ecosystems, é única, porque além de analisar detalhadamente o fitoplâncton, irá fazê-lo do ponto de vista da sua interação com aerossóis e substâncias suspensas no ar.
“Isso dará uma visão incrível que não tínhamos até agora, de como os nossos oceanos se comportam, de como é a atmosfera e como ambos interagem e regulam o nosso clima”, declarou Sanjuan.
O satélite é composto por três instrumentos, um destes é um sensor que pode identificar até 256 cores no oceano, enquanto as ferramentas anteriores só conseguiam diferenciar menos de dez tonalidades, detalhou ainda.
A importância de determinar essas tonalidades deve-se ao facto de a cor do fitoplâncton variar de acordo com a sua espécie.
Este organismo é muito importante, não só porque é a base da cadeia alimentar e a origem da vida, mas pela importância que tem para as alterações climáticas, acrescentou Sanjuan.
A cientista lembrou ainda que o oceano representa 70% da superfície terrestre e que apenas cerca de 5% foi estudado.
Nesse sentido, destaca que o PACE é um “salto tecnológico” que permitirá grandes avanços na sua vida útil de três anos.
Sanjuan sublinhou ainda que o satélite terá combustível durante 10 anos e espera que sobreviva mais do que os três que a agência espacial norte-americana concedeu à sua missão.
A espanhola especificou que o satélite voará numa órbita que se move com a Terra e que poderá haver certas regiões do planeta com uma repetição entre um e dois dias, o que ajuda a observar as mudanças dos oceanos e a estudar a evolução destas espécies de fitoplâncton.
Esta informação é crucial “para as alterações climáticas, para o ciclo do carbono e para a vida do planeta”, apontou.
A missão PACE, com um custo de 946 milhões de dólares, junta-se a uma frota de vinte satélites que monitorizam diversos parâmetros da Terra.
Inforpress/Lusa
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