Fogo: Presidente da Câmara Municipal de São Filipe diz que é inédito a ilha ficar tantos dias sem voos
Fogo: Presidente da Câmara Municipal de São Filipe diz que é inédito a ilha ficar tantos dias sem voos
São Filipe, 24 Mai (Inforpress) – O presidente da Câmara Municipal de São Filipe, Nuías Silva, disse hoje, em conferência de imprensa, que é algo inédito a ilha do Fogo ficar tantos dias sem voos e sem certeza de quando serão retomados.
Nuías Silva, que convocou a imprensa para, mais uma vez, falar sobre a situação “caótica dos transportes interilhas”, principalmente os transportes aéreos entre Santiago e Fogo e sem esquecer os transportes marítimos, mostrou-se preocupado porque com os rumores que circulam e que apontam que as ligações só serão retomadas no dia 28 de Maio, deixando a ilha sem voos durante mais de dez dias.
“A situação é preocupante porque há cerca de uma semana que não temos tido voos para São Filipe. O último voo de e para São Filipe aconteceu no domingo, 19 de Maio e não há previsão para quando serão retomados voos para a ilha do Fogo”, afirmou Nuías Silva, indicando que se vive numa completa incerteza e as pessoas tem medo de sair da ilha porque não sabem se regressam e outros têm medo de vir ao Fogo porque não sabem se regressam.
Segundo o mesmo, num território descontínuo como Cabo Verde a questão de ligação é fundamental não só para a ambição de desenvolvimento económico como para situações de emergência que se colocam no dia a dia, observando que já é hora de o Governo tomar medidas cabíveis para resolver este problema.
Para o edil de São Filipe a não resolução do problema só é entendida devido à falta de uma atitude compromissória e de vontade política, sublinhando que existe uma ausência de comunicação e articulação com os poderes locais para, ao menos, os informar do que está a passar e poder melhor trabalhar e mitigar o problema.
A mesma fonte advogou que o sector económico “está parado” com pessoas a cancelaram as suas reservas, com os turistas aborrecidos com a situação, emigrantes revoltados com falta de compromisso e atitude na governação e obrigados a comprarem outras passagens internacionais e colocando em risco até o próprio emprego no país de acolhimento.
Além disso, defendeu Nuías Silva, o impacto económico é incalculável e com a imagem e reputação de São Filipe e do Fogo enquanto destino turístico fica manchada, observando que a situação é recorrente e que desde o ano passado que não tem havido regularidade no sector dos transportes aéreos.
“É impossível desenvolver uma ilha ou uma região com os problemas que temos nos transportes”, afirmou Nuías Silva questionando como se pode atrair o investimento directo de emigrantes ou de investidores estrangeiros ou pedir aos empresários para investirem na construção de unidades hoteleiras sabendo da situação caótica.
Segundo o mesmo, a situação é complexa e apela ao Governo para resolver de uma vez por todas a questão dos transportes, sublinhando que a própria Associação dos Municípios deve pronunciar-se para defender os interesses dos municípios que estão fora do território com aeroportos internacionais.
No dizer do edil de São Filipe, os cabo-verdianos precisam e exigem uma explicação da parte do Governo, salientando que o problema das ligações constitui uma “falta de respeito para com a ilha do Fogo”.
Nuías Silva avançou ainda que o povo precisa sair às ruas e dizer “basta” à situação de ligação inter ilhas que segundo o mesmo é “prioritário”.
Durante a conferência de imprensa, Nuias Silva avançou que vários eventos que estavam previstos para a ilha nos últimos dias foram cancelados e que o próprio ministro do Turismo e Transportes Carlos Santos que estava para vir à ilha do Fogo não veio por falta de transportes.
O autarca indicou que o Governo deve fazer as contas do impacto económico e da marginalização que tem colocado a ilha do Fogo com a não solução do problema das ligações, sublinhando que os foguenses estão cansados em não ter feedback e articulação com as autoridades para que sejam das explicações sobre a situação e para que ela seja mitigada.
“Com as mãos e os pés atados é impossível desenvolver regiões com potencialidades e continuamos a ter fugas de quadros por falta de mobilidade interna no país”, concluiu.
Para quinta-feira, 23 de Maio, estavam previstos três voos no percurso Praia/São Filipe/Praia e todos foram cancelados e hoje, sexta-feira, não há, até este momento, previsão de realização de voos entre Santiago e Fogo.
JR/HF
Inforpress/Fim